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O espírito escocês? Tá na cara!

De Hollywood a Holyrood. Ou “este é o espírito escocês, Charlie.”

Nação é sentimento. No caso da Escócia, o sentimento que o povo nutre por seu país é tão intenso quanto a memória de sua importância para o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte). Esse sentimento e essa memória é o que faz a consciência escocesa, expressa no cinema, em seus monumentos, no seu jeito de ser e estar no mundo.

Me lembro da primeira vez que assisti a Coração Valente, do Mel Gibson. Sempre gostei muito dos filmes dele, mas o que realmente me impressiona nesse é a disposição de seu personagem, William Wallace. Muito mais que mera vingança pessoal, Wallace buscava o bem maior: liberdade para seu povo. Assim como é verdade que ele existiu, também é um fato a disposição dos escoceses para o bem da comunidade. Disposição que beira o sacrifício.

Monumento em homenagem a William Wallace - Danaan

Foi exatamente isso, sacrifício, o que fizeram os escoceses há quase trezentos anos, na guerra contra Napoleão. O símbolo máximo desse sacrifício é o Monumento Nacional da Escócia, erguido no alto do monte Calton Hill, no centro de Edimburgo, tanto para homenagear os soldados mortos na defesa do Império Britânico quanto para inspirar as futuras gerações.

Parece que funcionou: parado a nosso lado, meu e da Geni, em frente ao monumento, um homem de seus setenta anos se abaixa para um menino ruivo, talvez seu neto. Apontando as colunas diz a ele: “Este é o espírito escocês, Charlie”.

Sr. Smiles e Geni em frente ao Monumento Nacional da Escócia

Calton Hill: vai por mim, vai de Hertz

Lá de cima, do Calton, a gente entende o significado de “highlands” (terras altas) e o quanto uma paisagem pode ajudar a definir a personalidade de um povo. A propósito, ao subir o Calton Hill capriche na selfie: tanto a “cidade nova” quanto a “velha” oferecem vista espetacular, especialmente ao pôr do sol. Chegue cedo para aproveitar todas as atrações: Dulgald Stewart Monument, Nelson Monument (seu mirante é imperdível) e observatório da cidade.

Você pode chegar a pé a todas essas atrações, mas te garanto: não é nada fácil – mesmo que você resolva partir da Regent Road (coisa que não fizemos) para enfrentar menos ladeira e aproveitar as escadas. O melhor mesmo, vai por mim, é alugar um carro com a Hertz (e, por que não, acumular mais milhas). Mesmo que não seja possível estacionar em qualquer dos pontos lá em cima, você certamente andará menos e aproveitará mais a vista.

Sr. Smiles e Geni no Calton Hill

A cara dos escoceses

Viajar nos ensina a perceber as coisas de um jeito diferente. Uma delas é que o espírito de um povo é mais fácil de reconhecer do que seu rosto. Por exemplo: não é pela cara que a gente identifica um brasileiro no exterior, mas pelo jeito. Ainda assim, esse jeito precisa de rostos, muitos rostos, para dar o “retrato” de um país. Espírito nacional tem cara.

A Escócia foi o primeiro país do mundo a perceber a importância disso tudo ainda no século 19, quando inaugurou a Scottish National Portrait Gallery (Galeria Nacional de Retratos da Escócia). Por fora, um belo prédio em estilo neogótico. Por dentro, um acervo modesto, mas bastante representativo da história do país através de seus rostos.

Pensadores, governantes, santos, atletas, artistas – inclusive não escoceses, como a rainha Victoria e Winston Churchill. Vale o passeio, ainda mais porque a entrada é gratuita (para você aproveitar melhor a lojinha e o café).

Nos aposentos da rainha

Última parada em Edimburgo: Palácio de Holyroodhouse, “a residência oficial da rainha (Elizabeth) e casa da história real escocesa”.

Diante dele, penso que há um bom motivo para quase não usarmos a palavra “suntuoso” no Brasil: nossos tetos são baixos. Com seus novecentos anos, Holyroodhouse tem três pisos, cada um deles com quatro ou cinco metros de pé-direito e dezenas de aposentos, repletos de cristais, tapeçarias e móveis finos que mais parecem jóias.

Custa crer que alguém usa aquelas cadeiras, se serve naquelas xícaras, abre aquelas janelas. Tudo aquilo, arranjado como está, parece mais um cenário intocado. Mas Elizabeth, rainha do Reino Unido, o torna real durante o verão. A família real sempre preferiu o conforto “caseiro” desse palácio. Para nós, visitantes, restam a (cara) lojinha e o café (com chá à tarde).

Aproveitamos para nos acostumar bem ao ambiente. Afinal, nossa próxima parada é nada menos que a atração mais emblemática da Royal Mile: o Castelo de Edimburgo.

Te vejo lá!

Por: Smiles J. Exel

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